Este artigo tem como objetivo informar sobre como ocorre, quais os tipos e sintomas dos acidentes vasculares cerebrais.
O acidente vascular cerebral, também conhecido por AVC, trombose ou embolia cerebral é a principal causa de morbilidade, mortalidade e de potenciais anos de vida perdidos no conjunto das doenças cardiovasculares.
A média mundial de incidências do AVC é de 1 a cada 4 utentes.
Em Portugal o AVC representa 29,7% do total de mortes e o INEM atende uma média maior que 10 casos por dia!
De acordo com a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, Portugal é, na Europa Ocidental, o país com a mais elevada taxa de mortalidade, sobretudo na população com menos de 65 anos de idade.
É IMPORTANTÍSSIMO PREVENIR A DOENÇA!
Como é sabido e corroborado pela campanha da Associação Mundial do AVC (World Stroke Organization), TEMPO É CÉREBRO! Agir rápido ao identificar os sintomas salva vidas!
ENTENDENDO O AVC
O AVC, assim como outras doenças possui fatores que predispõem a um maior risco de sofrê-los. Os fatores relacionados abaixo são velhos conhecidos e, em 2016, um estudo denominado InterStroke foi publicado pela The Lancet, uma revista muito respeitada no meio científico.
Os fatores e o percentual de probabilidade em reduzir as chances de se ter um AVC são: – Hipertensão: 47,9%
– Sedentarismo: 35,8%
– Colesterol alto: 26,8%
– Alimentação: 23,2%
– Obesidade: 18,6%
– Estresse: 17,4%
– Tabagismo: 12,4%
– Doenças cardíacas: 9,1%
– Alcoolismo: 5,8%
– Diabetes: 3,9%
Todos estes fatores são modificáveis e, de acordo com o estudo, se estes fatores de risco estiverem controlados, pode-se reduzir em até 90% a chance de se ter um AVC e, como bónus, melhorará sua qualidade de vida!
Para isto, é importante seguir alguns passos, como:
– Alimentação saudável, pobre em sal, gorduras e açúcares;
– Realizar atividade física de forma regular;
– Controlar diabetes e hipertensão arterial;
– Cumprir orientações do médico e do enfermeiro de família.
Todo o corpo humano possui uma rede de vasos sanguíneos vasta que irrigam músculos, ossos, órgãos e diferentes tecidos. Nesta rede, há sempre uma artéria principal que leva a maior parte de sangue e outras artérias que participam com um percentual menor na mesma região. À esta rede de suporte da artéria principal, dá-se o nome de irrigação colateral.
O AVC é causado por uma interrupção de sangue em uma região do cérebro.
A interrupção do fluxo sanguíneo pode acontecer por diversos motivos, dentre eles por trombos, êmbolos, vasoespasmo ou traumas.
Se uma artéria do cérebro tiver o fluxo de sangue reduzido (ou interrompido), ainda há um pequeno percentual de sangue que chega pela irrigação colateral e PODE manter os neurónios vivos por mais algum tempo, mesmo que a função deles sejam interrompidas. É neste momento que os sintomas começam a aparecer e é preciso agir.
DIFERENTES TIPOS DE AVC
Apesar dos sintomas serem semelhantes, há diferentes tipos de AVC.
Os AVCs isquémicos representam cerca de 80% deles e são resultado da interrupção de fluxo sanguíneo em alguma artéria no cérebro. Caso esta interrupção seja revertida de forma espontánea, são chamados de ataque isquémico transitório (AIT).
Já os AVCs hemorrágicos representam um menor percentual.
Há uma tendência de que o AVC hemorrágico seja mais fatal que o isquémico, visto que, uma vez sofrido o AVC, o controle dos sintomas e reversão do quadro são mais complexos.
Os AVCs hemorrágicos são resultado do rompimento de uma artéria cerebral que causa um extravasamento de sangue. Isto ocorre por um vaso sanguíneo fraco, anormal (aneurisma, por exemplo) ou que estava a trabalhar sobre uma pressão alta (como uma tensão arterial alta demais, por exemplo).
Há ainda 2 subdivisões dentro dos AVCs hemorrágicos, que são os AVCs intraparenquimatosos, que ocorrem no cérebro propriamente dito e os AVCs subaracnóideos que são entre o cérebro e a meninge. O ponto chave entre eles é a forma de abordagem da equipa médica no tratamento, principalmente a complexidade da cirurgia, se for aplicável.
Dependendo do volume de sangue extravasado pelo AVC, o corpo é capaz de “fechar” a parede do vaso sanguíneo que está a extravasar o sangue e reabsorver parte dele. Caso isto não ocorra, a cirurgia é necessária para evitar piora do quadro e reduzir a pressão dentro do cérebro, que pode levar a morte.
TEMPO É CÉREBRO!
Continue lendo este artigo e salve vidas!
Os AVCs isquémicos são causados por uma interrupção ou redução importante do fluxo sanguíneo em alguma(s) artéria(s) cerebral(is).
A maioria dos AVCs isquémicos são causados por trombos, ateromas ou fragilidade na parede da artéria, explicados a seguir.
Os ateromas são pequenos depósitos de gordura que levam a uma redução da velocidade que o sangue corre nas veias e predispõe a uma maior formação dos trombos.
Já os trombos são formados por coágulos resultantes de uma combinação de diversos fatores, como sedentarismo, problemas cardíacos, uso de anticoncepcional, hereditariedade, obesidade, tumores, idade avançada, tratamento hormonal e outros. No AVC, eles “viajam” pela corrente sanguínea e, ao encontrar uma ramificação da artéria e/ou chegar até uma artéria de menor calibre acabam por obstruir a passagem de sangue, impossibilitando a chegada do oxigénio e levando ao ataque isquémico transitório ou ao AVC, se não for revertido.
Como falado acima, por termos mais de uma artéria que irriga a mesma região, mesmo com a obstrução, é possível reduzir ou até anular totalmente um AVC, desde que as ações sejam realizadas de forma rápida!
Quando há uma obstrução total ou parcial de uma das artérias do cérebro, os neurónios que são irrigados por aquela(s) artérias(s) passam a não funcionar da mesma forma e o resultado disto são os aparecimentos dos sintomas relacionados àquela(s) artéria(s) que falaremos mais sobre as artérias e a relação com os sintomas.
Os ataques isquémicos transitórios são comummente chamados de princípios de AVC e uma das justificativas é que, como os trombos são móveis e o nosso corpo é dinámico, a movimentação dos trombos podem acabar por obstruir e, antes de causar uma lesão irreversível, podem ser fraccionados ou moverem-se para outro sítio de forma espontânea. Com a saída da obstrução, os neurónios voltam a ser irrigados e os sintomas desaparecem.
Mesmo que os sintomas melhorem, é importantíssimo buscar ajuda médica o mais rápido possível, uma vez que pode ocorrer um novo AVC a qualquer momento.
A irrigação colateral é a responsável pela possibilidade de ainda haver suprimento sanguíneo na região afetada nos momentos iniciais do AVC.
Enquanto houver alguma utilização dos neurónios, o corpo mantém o fluxo de sangue pela irrigação colateral, porém, com o passar dos minutos, isto tende a reduzir. Estas regiões são chamadas de zona ou área de penumbra.
Quanto antes o paciente receber o tratamento médico adequado, maiores são as chances de reverter o quadro de obstrução do fluxo sanguíneo e recuperar-se. A reversão é feita através da trombólise que é a administração de medicamentos que “desfazem” os trombos e/ou cirurgias.
Se o paciente fizer a trombólise em:
– Até 1h após os sintomas, 1 em cada 2 pacientes tratadas recuperam-se.
– Até 1h30min, 1 em cada 4 pacientes recuperam-se.
– Até 3h, 1 em cada 7 pacientes recuperam-se.
– Entre 4 a 5 horas, 1 em cada 14 pacientes recuperam-se.
Uma alternativa e complemento a trombólise é a trombectomia mecânica, uma cirurgia complexa e altamente eficaz até às 24 horas após o início dos sintomas.
Ela consiste em um cateterismo cerebral, onde é introduzido um dispositivo chamado cateter através de uma artéria. Ele “navega” de forma controlada com imagens até a região onde o trombo está e é capaz de retirar o trombo,o que o fluxo sanguíneo e a irrigação volta a acontecer. Para melhor entendimento, clique aqui e veja uma ilustração do procedimento.
Quanto mais rápido os sintomas forem detetados, melhor a chance de sobrevivência e menor os riscos de sequelas.
ARTÉRIAS x SINTOMAS DO AVC
Sabe-se que o cérebro recebe, processa, modula e envia informações para o corpo.
Vários neurónios juntos formam uma área que é responsável pela tarefa.
Cada uma delas possui uma irrigação por uma artéria diferente e, quando o fluxo de sangue é interrompido, esta função fica prejudicada.
Para exemplificar, segue um resumo das artérias e os sintomas que podem acontecer quando o AVC interrompe o fluxo sanguíneo em uma delas:
– ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: Perda de força e/ou sensibilidade na perna, alterações de comportamento e interação social.
– ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA: Deficit de força e/ou sensibilidade no braço e face, dificuldade em fazer movimentos finos, alteração na fala e escrita.
– ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR: Deficit de memória e visão, dislexia e movimentos involuntários.
Além da artéria acometida, quanto mais a obstrução for no início da artéria, antes dela ramificar-se, maior o dano cerebral causado, pois uma maior área é afetada.
COMO IDENTIFICAR UM AVC
Após um melhor atendimento de como ocorre e quais as diferenças entre os AVCs, o passo mais importante é saber identificar quando está a ocorrer um AVC e agir o mais rápido possível.
Para tornar a identificação dos sintomas mais fácil e memorável, associações e grupos diversos algoritmos.
Os principais sintomas quando um utente está a ter um AVC são:
- Falta de força em um braço
- Boca “caída” em um lado
- Dificuldade em falar
Além dos 3 principais sintomas, podem também apresentar falta de equilíbrio, dores de cabeça forte e de surgimento rápido, visão turva, cegueira e enjoos.
Caso um destes sintomas estejam presentes, confirme através das seguintes ações:
- Peça que a pessoa sorria. Se o sorriso somente ocorrer de um lado, gerando uma assimetria, é um indicativo de AVC.
- Peça que ela eleve os 2 braços juntos e sustente por alguns segundos. Se um dos lados não conseguir subir tanto quanto o outro ou que não consiga manter, é um indicativo de AVC.
- Converse com ela. Se as palavras forem com dificuldade na articulação ou as frases saiam sem sentido, é um indicativo de AVC.
Um dos algoritmos mais difundidos é o BE FAST, com as seguintes representações:
BALANCE: falta de equilíbrio, dor de cabeça ou enjoos repentinos
EYES: Visão turva ou cegueira
FACE: Boca caída
ARM: Fraqueza do braço
SPEECH: Dificuldade na fala
TIME (TO CALL): Ligar imediatamente para o INEM (Tel 112)!
Há outros algoritmos, como os 3Fs (fala, força e face) e os 5Fs (face, força, fala, falta súbita de visão e forte dor de cabeça).
Independente da vossa preferência, o importante é reconhecer os sinais e ligar para o INEM o mais rápido possível.
APLICATIVO PARA CÁLCULO DA PROBABILIDADE DE SE TER UM AVC
Em um passado não muito distante, calcular as probabilidades de se ter um AVC era bastante complexo.
Porém, graças aos pesquisadores e a tecnologia, hoje está mais fácil de PREVER as chances.
O aplicativo Riscómetro de AVC (Stroke Riskometer) foi desenvolvido por Neozelandeses, está traduzido em diversas línguas e conta com a chancela de grandes entidades contra o AVC mundiais.
Após fazer o download, irá responder algumas perguntas e ele irá fazer o cálculo e dar estratégias de como melhorar a qualidade de vida e reduzir as chances de ter um AVC, infarto do coração e até demência vascular.
O aplicativo não substitui uma consulta médica, mas é muito útil em ligar um alerta e buscar ajuda!
Ele está disponível para Android e iOS (Apple).
Basta clicar sobre os links e fazer o download!
Lembre-se: TEMPO É CEREBRO!
Se possuis alguma dúvida, queira deixar um testemunho ou crítica, utilize os campos abaixo.
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